INTERSECCIONALIDADE E IDENTIDADE: RAÇA, GÊNERO E SURDEZ PELA AGÊNCIA DE MULHERES NEGRAS

Conteúdo do artigo principal

Aline Gomes da Silva
Luiza Rodrigues de Oliveira
Fatima Lima
Ana Claudia Lima Monteiro

Resumo

Este artigo discute o conceito de interseccionalidade a partir da proposição de que inscrever gênero e deficiência na raça nos ajuda a pensar um sentido de tornar-se negra/o para além da substancialização, afirmando o conceito de identidade relacional. A disputa acerca do conceito de identidade é um dos maiores embates no campo da psicologia quando se trata de pensar a racialização do racismo antinegro e a agência dos povos negros no Brasil. Assim, fomos ao encontro dos movimentos de mulheres negras, que estão na base da construção e do desenvolvimento da interseccionalidade como ferramenta de luta, de liberdade e de desalienação. Nesse percurso, tomamos como referência as obras de Neusa Santos Souza, Patricia Hill Collins e de Lélia Gonzalez, e também a história de vida de Rachel, uma mulher negra, surda, ex-escravizada, que, em 1868, solicitou, matrícula em uma escola especial para pessoas surdas. Concluímos que o processo de tornar-se, interseccionalmente, tira o sentido de universalização da identidade e evidencia a interseccionalidade como uma ferramenta que nos ajuda na luta contra opressões, pelo reconhecimento de que essas forças se cruzam na experiência vivida, singular e coletivamente, a partir das agências.

Detalhes do artigo

Como Citar
Silva, A. G. da, Oliveira, L. R. de, Lima, F., & Monteiro, A. C. L. (2023). INTERSECCIONALIDADE E IDENTIDADE: RAÇA, GÊNERO E SURDEZ PELA AGÊNCIA DE MULHERES NEGRAS. Revista Da Associação Brasileira De Pesquisadores/as Negros/As (ABPN), 16(Edição Especial). Recuperado de https://abpnrevista.org.br/site/article/view/1634
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Aline Gomes da Silva, Instituto Nacional de Educação de Surdos

Doutora em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense/UFF (2022). Possui Mestrado em Educação pela Universidade o Estado do Rio de Janeiro/UERJ (2014). Pós-graduação em Surdez e Letramento pelo Instituto de Nacional de Educação de Surdos/INES e Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro/ISERJ (2009). Graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/UNIRIO (2008). Atualmente é professora efetiva do Colégio de Aplicação do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Cap - INES) atuando nas séries iniciais do Ensino Fundamental, na Educação de Jovens e Adultos surdos.É integrante do Grupo ArteGestoAção/INES e do Grupo de Pesquisa LALIDH - Oralidades/ UFF.

Luiza Rodrigues de Oliveira, Universidade Federal Fluminense

Psicóloga formada pela Universidade Federal Fluminense (1992), possui Doutorado (2003) e Mestrado em Educação (1998) pela Universidade de São Paulo. Professora do Curso de Graduação em Psicologia, professora do Programa Stricto Sensu em Psicologia e Professora do Programa Stricto Sensu em Ensino de Ciências da Natureza da Universidade Federal Fluminense. Editora da Revista Ensino, Saúde e Ambiente. Áreas de pesquisa:  Psicologia e Educação Antirracista; identidade diaspórica. Integra o Coletivo de Professoras/es Negras/os, Ativistas e Militantes Antirracistas da UFF (ENUFF) e o Coletivo de Intelectuais Negras e Negros do País (CDINN)

Fatima Lima, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Antropóloga.Feminista alinhada ao Feminismo Negro, decolonial e Anti-Colonial. Doutora em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro/IMS/UERJ.Pós Doutora em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social/PPGAS do Museu Nacional/UFRJ Professora Associada da Universidade Federal do Rio de Janeiro/Macaé. Professora do Programa Interdisciplinar de Pós Graduação em Linguística Aplicada- PIPGLA da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ. Professora do Programa de Pós-Graduação em Relações Étnico - Raciais/ CEFET/RJ. É autora do livro "Corpos, Gêneros, Sexualidades - políticas de Subjetivação" publicado pela Editora Rede Unida .Atua no campo das Ciências Humanas e Sociais e nos estudos de linguagens, discursos e narrativas, principalmente com os seguintes temas: Raça, Gênero, Sexualidade, Teorias Feministas ( com ênfase nos feminismos negros e decoloniais), Processos Políticos de Subjetivação e Estudos e Pesquisas com os grupos ditos subalternizados.

Ana Claudia Lima Monteiro, Universidade Federal Fluminense

Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense (1998), mestrado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2002) e doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2009). Atualmente é professora na classe associado da Universidade Federal Fluminense. Tem experiência na área de Psicologia e Filosofia, com ênfase em História e Epistemologia da Psicologia, Motivação e Processos Afetivos, Filosofia Francesa Contemporânea, principalmente Deleuze, Foucault e Michel Serres, Metodologia da Pesquisa, Estudos em Ciência, Tecnologia e Sociedade. Atualmente tem pesquisas relacionadas ao feminismo e feminismo na ciência, estudando autoras como Donna Haraway, Isabelle Stergers, Vinciane Despret, bell hooks, Djamila Ribeiro, Silvia Federici, dentre outras. Atua principalmente nos seguintes temas: Epistemologia Moderna e Contemporânea, Epistemologias do Sul, estudos sobre Antropologia das Emoções, Subjetividade, Corpo e Afetos, Estudos da Deficiência, em especial os autismos, Estudos CTS, Produção de Subjetividade.