CONSTRUINDO PONTES ENTRE JUVENTUDE NEGRA E CIÊNCIA PARA A PROMOÇÃO DA EQUIDADE RACIAL NA EDUCAÇÃO (Entrevista com Ricardo Henriques)

Resumo

O Instituto Unibanco (IU) tem atuado para a melhoria da educação pública no Brasil nos últimos 15 anos e mais recentemente articula-se com organizações da sociedade civil para fortalecer a promoção da equidade racial na educação. A parceria com a Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN) teve início em 2018 com o fomento ao projeto Afrocientista, que completou sua terceira edição em 2022 e contou com o envolvimento de 12 Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neab/Neabis) e a participação de 100 bolsistas, estudantes negros e negras do Ensino Médio e do Ensino Superior. O principal objetivo do projeto é despertar a vocação científica e incentivar talentos entre esses/as jovens mediante sua participação em atividades de pesquisa científica pautadas nas questões étnico-raciais. A reflexão sobre a conjuntura do país nos últimos 20 anos no que tange aos avanços e desafios para a redução das desigualdades raciais na educação e a relevância do Afrocientista no contexto atual foram questões abordadas por Ricardo Henriques nesta entrevista. Outros temas se entrelaçaram na discussão, tais como a importância do Movimento Negro e dos/as intelectuais negros e negras para a produção científica e a análise das relações étnico-raciais na sociedade brasileira, a necessidade de ações afirmativas em todo o ciclo da Educação Básica para provocar mudanças em várias dimensões do ambiente escolar e o papel do investimento social privado no fortalecimento de uma filantropia negra. O Afrocientista é considerado uma ponte entre escola pública, universidade, juventude negra e comunidade, e sua potência se expressa ao gerar engajamento e protagonismo dos/as jovens, pela valorização de referências para o fortalecimento da identidade negra de estudantes e inclusão do debate étnico-racial na escola, aumentando a probabilidade de permanência e continuidade dos estudos.