DIVERSIDADE ECONÔMICA E GEOGRAFIA NEGRA
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Resumo
Este artigo resulta de etnografia participativa em espaços políticos do Movimento de Economia Solidária e entrevistas com integrantes deste movimento realizadas durante dezoito meses, entre 2015 e 2017 na cidade do Rio de Janeiro. Nesta investigação, assinalo uma contradição fundamental entre discurso e práticas no Movimento de Economia Solidária. Tal contradição refere-se à falta de atenção aos processos de racialização das hierarquias socioeconômicas e territoriais na cidade do Rio de Janeiro, e à maneira como estas hierarquias se replicam dentro do próprio movimento, apesar das menções à diversidade étnico-racial no plano do discurso. Em diálogo com autores no campo de estudos descoloniais, pós-desenvolvimento e geografias negras, este artigo levanta questões teóricas sobre raça e espaços de fazer político como eixos em torno dos quais o capitalismo racial é epistemologicamente e politicamente articulado, lançando luz sobre processos de racialização em práticas organizacionais no Movimento de Economia Solidária. Argumento que desbancar o capitalocentrismo e criar alternativas ao capitalismo racial implica mudarmos nossas lentes para ver, nomear e dar visibilidade não só à diversidade econômica, mas também às geografias negras. Concluo oferecendo algumas sugestões de intervenção espacial que possivelmente favoreçam a participação política mais integrada e efetiva do segmento de empreendedoras/es do Movimento de Economia Solidária, segmento este em que há maior concentração de trabalhadoras negras e moradores de favelas e periferias.
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